A hora da Rendição
Não importa a vida que ele tenha, todo homem sabe que sem
mulher ele não é nada, mas não é qualquer mulher. Precisa ser aquela, que faz a
diferença. Aquela que faz nossas pernas tremerem, nosso peito doer, aquela que
não precisa nem lembrar, por que dela não se pode esquecer. Mas a vida não é um
filme nem novela mexicana que tudo termina bem. A vida não acaba na parte boa
para todos ficarem achando que o resto dela vai ser sempre assim. A vida
continua e na segunda tem trabalho, tem
o colégio das crianças, a aula na faculdade, as variações da vida e a vida
propriamente dita. Não se pode ser feliz para sempre, sempre é muito tempo e
todos nós sabemos, sempre nem é todo dia. A felicidade é a procura, a vontade
que figura nas nossas mentes sem coragem de aparecer. Todo homem procura a
felicidade na mulher amada, mas que nada, todo amor é de certa forma egoísta, e,
portanto, não quer ser dividido com
ninguém, mas a mágica do amar é essa, amasse tanto alguém que dividimos com
essa pessoa algo indivisível, incontável e intangível. E a mulher bem
afortunada recebe de bom grado esse regalo que lhe é ofertado por um homem nobre,
no mais singular sentido da palavra, pois ele doará sua maior riqueza para
tê-la a seu lado. Se tudo correr bem chegará o momento da verdade à hora da
rendição e o homem baixará sua guarda, guardará suas armas e cederá para aquela
prometida o lugar ao seu lado no trono da vida.
E a vida essa que deve ser vida
sem moderação, a vida é para ser sorvida como tequila com sal e limão. E viver
sozinho não é bom, tudo é mais difícil sem ajuda, até os problemas são menores
quando divididos por dois. Mas a vida precisa ser dividida com cautela para não
separa-la dos seus valores ou distancia-la da motivação. Nenhum futuro é bom o
suficiente se esquecemos do passado. Tudo tem uma razão e só vale a pena aquilo
que é verdadeiro na essência dos seus motivos. A felicidade dividida nessa hora
se multiplica e a vida, aquela que deve ser vivida, se enche, se ergue e aparece
de forma tão nítida que além de ser sentida pode até ser tocada ou misturada à
comida. Na vida real a felicidade não é para sempre, como já disse antes,
sempre nem é todo dia. Mas ser for de certa forma plantada, bem cuidada e
regada, teremos então uma plantação de felicidade em nossos campos da vida e a
felicidade poderá ser colhida para alimentar as agruras e desventuras da vida
que estão sempre famintas,espreitando a trás da porta e nunca aceitam um não.
São João de Meriti, RJ, 11 de fevereiro de 2013.
Valdemir Costa.